ECO vs RMN nas entorses da tibiotársica recorrente e na instabilidade crónica


As lesões por entorse da tibiotársica afetam aproximadamente 10% dos utentes nos cuidados de saúde primários e nos departamentos de emergência hospitalar, ocorrendo numa taxa de 7 em cada 1000 pessoas por ano. Os ligamentos do compartimento lateral do tornozelo são afetados em 85% dos casos, sendo que o ligamento talofibular anterior é o mais afetado de todos, seguido do ligamento calcaneofibular. 


Sun Hwa Lee et al. procuraram investigar a precisão do uso da ecografia músculo-esquelética na avaliação do ligamento talofibular anterior, calcaneofibular, deltoide e tibiofibular anterior distal em comparação com a RMN.


A investigação realizada demonstrou que o uso da ecografia músculo-esquelética na avaliação destas estruturas é um método extremamente útil nas entorses de repetição ou instabilidade crónica do tornozelo, demonstrando valores aceitáveis de sensibilidade, especificidade e precisão diagnóstica comparativamente à RMN.


O uso da ecografia músculo-esquelética permite um estudo dinâmico, podendo ser realizados testes de stress às estruturas ligamentares, permitindo avaliar a instabilidade do tornozelo de uma forma funcional e não apenas estática. Para além disto, podem ser feitas comparações com o lado contralateral de modo a verificar se estes apresentam uma diferença significativa em termos estruturais e funcionais. Também do posto de vista económico, a ecografia músculo-esquelética apresenta benefícios, permitindo poupar tempo e dinheiro, visto se tratar de um exame muito mais barato que a RMN, reduzindo os custos em cerca de 76%.


Em conclusão, a utilização da ecografia músculo-esquelética aparenta ser tão precisa como a RMN na deteção de lesões major dos principais ligamentos afetados em entorses do tornozelo. Este exame pode ser usado para um diagnóstico imediato, permitindo reduzir tempos de espera, adequação do tratamento à lesão e poupança de recursos financeiros.


Fonte: Lee, S. H., & Yun, S. J. (2017). The feasibility of point-of-care ankle ultrasound examination in patients with recurrent ankle sprain and chronic ankle instability: Comparison with magnetic resonance imaging. Injury, 48(10), 2323-2328.