Os sistemas de regulação do tendão - 2ª Parte
No post anterior
"Como recuperar tendões - 1ª Parte", vimos que uma desregulação do sistema imunobiológico (1º sistema de regulação abordado no blog), pode conduzir à manutenção de um ambiente inflamatório, impedindo a passagem do tendão para um estado de regeneração ou de cura biológica. De igual forma, foi mencionada a técnica
EPI® - Electrólise Percutânea Intratecidular, como umas das técnicas que utilizamos na Intrafisio para possibilitar a activação destes mecanismos, favorecendo a recuperação da tendão.
Hoje vamos abordar a influência do sistema nervoso no equilíbrio do tendão, ou seja, o 2º sistema de regulação. Podemos pensar no sistema nervoso como uma rede de fios conectados entre si, que percorre todo o nosso corpo servindo, essencialmente, para transmitir informações. Graças as sistema nervoso são enviadas para o nosso cérebro informações importantes como a sensação de frio/calor, a sensação do toque e também a dor.
Para além destas informações enviadas para o nosso cérebro, através dos nervos que estão localizados ao longo do nosso corpo, também são enviadas informações, no sentido contrário, para os nossos músculos realizarem a contração. No caso dos tendões, o sistema nervoso regula funções celulares importantes, bem como, a libertação de substâncias inflamatórias, podendo existir, em alguns casos, a presença de uma inflamação neurogênica (com origem no sistema nervoso). Esta inflamação neurogênica, à semelhança do que ocorre quando existe uma desregulação do sistema imunobiológico, contribui para a manutenção de um ambiente inflamatório que é uma barreira à recuperação do tendão.
Igualmente, no caso da existência de tendinopatia (dor e intolerância ao movimento no tendão), os "vigilantes" do sistema nervoso responsáveis por avaliar possíveis ameaças e a presença de dor podem sofrer adaptações. Quando isto acontece, pode haver uma desregulação destes mecanismos, provocando um maior envio de informação de dor para o nosso cérebro, mesmo perante estímulos que antes eram considerados "normais" para o tendão.
Uma das técnicas que utilizamos para normalizar estas informações que circulam pelo sistema nervoso é a Neuromodulação Percutânea, realizada com recurso a um ecógrafo de alta potência (necessário para visualizar os nervos), de forma a garantir a precisão e a segurança necessárias no procedimento. Esta intervenção permite diminuir a intensidade da dor e, de igual, forma, possibilita ao tendão adquirir mais capacidade para resistir ao movimentos e às cargas aplicadas durante o exercício, favorecendo o processo de recuperação.
Fisioterapeuta Óscar Caridade
Ordem dos Fisioterapeutas 805
INTRAFISIO - Centro clínico de referência no tratamento de lesões ortopédicas e desportivas.
INTRAFISIO, LDA - NIPC 513036385
Rua de Aveiro, Lote 2A, 3000-064 Coimbra, Portugal
Número de Registo ERS: 23601 - Licença de Funcionamento: 23687
Autor:
Fisioterapeuta Óscar Caridade, maio 2020

Atualmente, sabemos que na presença de uma lesão muscular, como resposta a sinais relacionados com dano nas miofibrilas e consequente infiltração de células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos), existe uma necrose das células musculares. Nas zonas de lesão das miofibrilas, ocorre uma desgranulação dos mastócitos, provocando a libertação de citocinas pró-inflamatórias, tais como, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), a interleucina - 1 (IL-1), e a histamina. Estas irão provocar a infiltração de um maior número de mastócitos e neutrófilos, favorecendo o processo de inflamação. De igual forma, os neutrófilos ativados libertam substâncias como, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o interferão –γ (IFN-γ), a interleucina 1 beta (IL-1β), a interleucina 1 (IL-1) e a interleucina 8 (IL-8). Nesta etapa, existe uma ativação das espécies reativas de oxigénio (ROS), que contribuem para a degradação das fibras musculares e alterações vasculares (isquémia-reperfusão). Um cenário que agrava a lesão muscular podendo, igualmente, atrasar a passagem para a seguinte fase do processo de regeneração muscular. Por esta razão, perante uma lesão muscular, poderá ser benéfico para o utente, a utilização da Electrólise Percutânea Intratecidular - EPI®. A aplicação da técnica EPI®, segundo a investigação realizada por Abat, et al. (2015), promove uma diminuição significativa dos valores do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e da interleucina 1 (IL-1). De igual forma, é verificado um aumento nos valores dos recetores ativados pelo proliferador de peroxissoma - γ (PPAR-γ), dos fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF), e dos VEGF –R1. Os fatores de necrose tumoral alfa (TNF-α), ficam elevados logo após a lesão muscular e permanecem aumentados por muitos dias após a mesma. A EPI®, ao promover a diminuição dos valores dos TNF-α, impede alterações no processo de diferenciação celular, aumentos do catabolismo celular (inibição da resposta regenerativa das células satélite), e a degradação de proteínas. Atuando na diminuição dos valores da interleucina 1 beta (IL-1β), uma citocina pró-inflamatória que também permanece aumentada na lesão muscular durante vários dias. A EPI® consegue diminuir a necrose tecidular focal e, de igual forma, evitar a inibição da síntese de proteínas. A utilização da técnica potência um aumento nos valores dos recetores ativados pelo proliferador de peroxissoma - γ (PPAR-γ), o que promove uma diminuição na expressão de genes pró-inflamatórios e um aumento nos índices de regeneração muscular. São, igualmente, verificados aumentos significativos nos fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF), e dos VEGF –R1, que promovem um efeito angiogênico (manutenção da micro-circulação), e estimulam a diferenciação miogénica das células satélite musculares, contribuindo para a regeneração muscular. A técnica possibilita, assim, controlar alguns fatores inflamatórios, que apesar de serem importantíssimos na fase inicial para o processo de regeneração muscular (ex: promoção de um microambiente favorável à proliferação das células satélite), poderão, quando em valores demasiado elevados, agravar o dano muscular e atrasar o processo de regeneração, como por exemplo, a inibição da transição de macrófagos M1 para macrófagos M2 (componente essencial para a regeneração muscular in vivo). Já conheces a nossa formação em Electrólise Percutânea Intratecidular - EPI®? Para mais informação sobre o curso CLICA AQUI Autor: Fisioterapeuta Óscar Caridade Professor Oficial da Técnica EPI® pela EPI Advanced Medicine Fisioterapeuta Óscar Caridade Ordem dos Fisioterapeutas 805 INTRAFISIO - Centro clínico de referência no tratamento de lesões ortopédicas e desportivas. INTRAFISIO, LDA - NIPC 513036385 Rua de Aveiro, Lote 2A, 3000-064 Coimbra, Portugal Número de Registo ERS: 23601 - Licença de Funcionamento: 23687 Fontes: Abat F, Valles SL, Gelber PE, Polidori F, Jorda A, García-Herreros S, Monllau JC, Sanchez-Ibáñez JM. An experimental study of muscular injury repair in a mouse model of notexin-induced lesion with EPI® technique. BMC Sports Sci Med Rehabil. 2015 Apr Chellini F, Tani A, Zecchi-Orlandini S, Sassoli C. Influence of Platelet-Rich and Platelet-Poor Plasma on Endogenous Mechanisms of Skeletal Muscle Repair/Regeneration. Int J Mol Sci. 2019 Feb Yang W, Hu P. Skeletal muscle Regeneration is modulated by inflammation. J Orthop Translat. 2018 Feb Le Moal E, Pialoux V, Juban G, Groussard C, Zouhal H, Chazaud B, Mounier R. Redox Control of Skeletal Muscle Regeneration. Antioxid Redox Signal. 2017 Aug